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A migração para o Rio ampliou os horizontes do cajazeirense que receberá a mais alta honraria da ALPB e da Câmara de sua terra natal


            A violência doméstica não permitiu que a sertaneja Dona Maria de Lourdes Oliveira criasse e educasse os quatro filhos em sua terra Natal, Cajazeiras, alto sertão da Paraíba, como ela bem gostaria. Mas, quis o destino que, justamente, a sua migração para o Rio de Janeiro, em 1953, descortinasse um mundo novo para sua prole e para ela própria que faleceu 48 anos após essa viagem, aos 90 anos, certamente convicta que a decisão tomada valeu a pena. Um de seus filhos, o desembargador Siro Darlan de Oliveira, regressou à Paraíba, essa semana, com uma missão que, certamente, deixaria Dona Maria muito orgulhosa. Ele vai receber a mais alta comenda da ALPB, a medalha ‘Presidente Epitácio Pessoa’,  e a medalha ‘João Bosco Braga Barreto’,  a mais alta comenda da Câmara Municipal de Cajazeiras. A solenidade acontece na Câmara de Vereadores da cidade, a partir das 10h, desta sexta-feira (26).
            A propositura da ALPB é de autoria do deputado estadual Jeová Campos (PSB), um parlamentar pouco afeito a concessões de medalhas, que abriu uma exceção ao propor a outorga ao desembargador cajazeirense, por entender que o homenageado merecia essa deferência não pelo cargo que ocupa, mas pela trajetória de vida, pela superação das adversidades, pela postura de cidadão e. sobretudo, pela visão humanista com que exerce a prática do direito. “A vida de Siro, um sertanejo que nunca esqueceu suas origens, é um exemplo de superação através da Educação. Tudo o que ele conquistou, vem de méritos próprios. Sua postura, reflete a fibra do homem nordestino. Suas decisões, pela sua coragem e correição,  tem feito história na magistratura brasileira e eu muito me orgulho de poder, através de meu mandato, homenageá-lo com essa medalha que leva o nome de um homem que também dignificou sua vida pública, enquanto ocupou cargos nos três poderes da República”, destaca Jeová.
            Para o desembargador Siro Darlan, as honrarias que lhe serão concedidas são muito significativas. “Essas homenagens ultrapassam minhas expectativas de merecimento, já que há 64 anos estou fora de meu torrão natal, apesar de nunca ter esquecido minhas origens de sertanejo e lutador pelas causas sociais mais nobres. O deputado Jeová Campos é um símbolo da resistência democrática e muito me honra a sua indicação para tão significativa honraria”, afirma o homenageado, que foi o primeiro magistrado a deferir uma adoção para homossexual no país e um dos poucos quediscordou que num país onde ainda não se garante acesso à creche a todos as crianças brasileiras, que não tiveram o privilégio de nascerem filhos de juízes, os magistrados recebessem quase R$ 1 mil a mais no salário para auxiliar na educação de seus dependentes.
            O homenageado que é natural de Cajazeiras e foi para a capital carioca com apenas dois anos de idade, e lá estudou, se formou e ingressou na magistratura fazendo uma carreira brilhante e galgando postos pelos seus próprios méritos, nunca esqueceu suas origens paraibanas, nem quem o ajudou nessa trajetória. “Tive o apoio e a ajuda dos padres agostinianos que me deram uma bolsa de estudos para cursar no Colégio Santo Agostinho, onde devo muito de minha formação e o exemplo de minha mãe, que foi era uma mulher altiva, forte, sertaneja resistente, que teve a coragem de fugir da violência e criar quatro filhos no Rio de Janeiro, fazendo-os vitoriosos. Minha vida é de muita luta e de muita fé”, atesta Siro Darlan.
            Para ele, as raízes são fundamentais e devem ser preservadas. “Raízes são importantes para nós sustentar e tenho fortes características do sertanejo, como a resistência, persistência, fé no futuro, respeito ao próximo é amor à família”, diz o desembargador que é pai de Alexandre, Fernanda, Renato e Guilherme e casado com a arquiteta Heloísa Couto, que segundo ele ‘é mulher amorosa, que muito o estimula e fortalece’. E é na companhia dela, que nesta sexta-feira, ele receberá as medalhas ‘Epitácio Pessoa’ e ‘João Bosco Braga’.
            Como fazia tempo que não visitava suas origens, Siro antecipou sua viagem para a quarta-feira (24), com o intuito de familiarizar-se com um lugar que há muito faz parte de suas lembranças, remonta a sua origem, e para rever e conhecer seus parentes. No mesmo dia em que chegou, visitou um primo de sua mãe, Jaime Rolim, de 95 anos. “Devo ter parentes, mas não os conheço, infelizmente, quem sabe na Câmara não encontrarei alguns deles”, afirma Siro, que como legado quer deixar para os filhos o exemplo de ‘pai carinhoso e respeitoso, avó orgulhoso e filho que tem muito orgulho de suas origens’.
            O desembargador que, atualmente,  é presidente  da Sétima Câmara Criminal, a mais operosa e produtiva do Rio de Janeiro, primeira colocada em todas as estatísticas e que tem um acervo pendente de 500 processos e uma média de 25 dias para solução dos conflitos, não aceita a falta de respeito com o próximo, sobretudo com os mais humildes. Das muitas emoções que sua carreira lhe proporcionou, as melhores, segundo ele, ficam por conta das vidas de crianças salvas ao serem colocadas, através da adoção, em suas famílias. Siro Darlan mantém a humildade tão característica dos grandes homens e afirma que apenas exerce um cargo importante que faz prevalecer direitos sobre o arbítrio. Há uma série no canal GNT sobre histórias de adoção que o desembargador é protagonista em vários episódios. No Rio, ele criou o Circo Crescer e Viver, que acolhe meninos e meninas de rua com dons artísticos.
            O filho de Dona Maria de Lourdes, que sofreu preconceito pela sua origem de nordestino e migrante pobre, diz que o preconceito faz parte da vida e é elemento importante para atingir a superação. Ao entrevistá-lo, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, tive a impressão de que apesar do muito que fez e faz, ainda quer alçar voos maiores, não em proveito próprio, mas para retribuir à sociedade, como cidadão e magistrado, o que a vida lhe concedeu acima de suas expectativas. A indignação com a pobreza e injustiças, para ele,  fortalece sua  resistência e lhe dá coragem para enfrentar o que não é justo ou correto. “A outorga da medalha ‘Epitácio Pessoa’ para o cidadão Siro Darlan é mais que merecida e eu estou muito feliz em poder ter sido o autor desta propositura. Tenho certeza de que a solenidade será comovente e emocionante”, destaca Jeová, lembrando que o desembargador também será homenageado com a medalha ‘João Bosco Braga Barreto’,  numa propositura do vereador Alysson Américo de Oliveira, mais conhecido como Alysson Voz e Violão.
 Sobre Siro Darlan
            Siro Darlan é formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, desde 1975, Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem  Curso de Especialização em Direito Penal e Processual Penal, é pós-graduado em Direito da Comunicação, pela Universidade de Coimbra, Portugal, e  iniciou sua carreira na magistratura, como Juiz de 1ª instância, na Comarca de Silva Jardim, no Rio de Janeiro, em junho de 1982 onde permaneceu até o mês de julho de 1984. Durante a sua carreira de magistrado, exerceu vários cargos e participou de inúmeras atividades, além de lecionar em renomadas instituições de ensino superior. Atualmente, exerce o cargo de presidente da Sétima Câmara Criminal do Rio de Janeiro.  



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