Na semana passada, neste canto de página, eu
apelava para São José para que mandasse chuva e ao mesmo tempo mostrava, com
números, o quanto é preocupante a situação dos cajazeirenses diante da pequena
quantidade de água armazenada nos reservatórios que nos abastece. Ainda não
temos uma resposta positiva dos estudiosos do clima se as chuvas serão
abundantes em 2017.
Tenho postado nas redes sociais, onde tenho
milhares de amigos, a seguinte pergunta: quem poderia me informar com precisão
como andam os serviços da transposição das águas do Rio São Francisco, o que
falta para concluir, porque estou cansado de ouvir, desde o ano de 2010, das
autoridades do setor, que a sua inauguração seria dentro de alguns meses e já
estamos no final do ano de 2016 e o único fato concreto é que as obras estão
paralisadas e pelas informações que temos, não oficiais, dificilmente teremos
água no Açude de Boqueirão antes de 2018.
A única voz que clama que briga que cobra mesmo sem
ter uma única resposta é a do deputado estadual Jeová Campos, que recentemente
renunciou a presidência da Frente Parlamentar das Águas, depois de uma reunião
onde poucas autoridades participaram, mas não abandonou o desejo de lutar para
que as águas do Velho Chico penetrassem pelos sertões do Nordeste.
Neste ultimo dia 26, Jeová voltou a usar a tribuna
da Assembléia Legislativa, para dar mais um grito: “o povo da Paraíba não pode
aceitar isso” diante do silêncio do Ministério da Integração com relação as
obras abandonadas pela Construtora Mendes Júnior e disse ainda está indignado
com a ausência da bancada federal da Paraíba neste luta. E indagou: “até quando
eles vão ficar calados”?
O silêncio da bancada federal, para nós pode até
ser entendida, diante do descrédito que alguns nos impõem a concluir: não dá dividendos
para eles, não tem eleições este ano e o povo é o que menos importa.
Da tribuna alertou ainda o deputado: “Não há
sinalização de que teremos um inverno normal no próximo ano. Você vai falar com
o setor de Meteorologia, seja em qualquer lugar, eles dão as previsões as mais
diversas possíveis. Você não tem uma previsão segura se teremos inverno regular
no próximo ano. E onde é que nós vamos buscar água para o nosso povo, para que
ele não tenha que abandonar o sertão. Isso é uma questão urgente, o maior
problema nosso na atualidade”.
Meu caro deputado Jeová nesta sua andança pelo
deserto, quem sabe no meio do caminho você não encontre um oásis? Nem que seja
no coração dos que acreditam na sua luta e persistência em defesa da
transposição.
Independente de cor partidária todos os prefeitos
recém eleitos deveriam abraçar esta causa e se ombrear ao deputado,
principalmente os 15 da Região do Alto Piranhas, porque é indiscutível o drama
que todos os habitantes estão vivendo e dos momentos de sobressaltos e angústias
diante da paralisação das obras da transposição.
Já são 90 dias sem uma resposta do Ministério da
Integração com relação à paralisação das obras. Quantos dias mais teremos que
esperar? É este silêncio que tem feito um barulho danado nos ouvidos do
deputado e das comunidades e cidades sertanejas que entraram em absoluto
colapso de água.
Fica a pergunta: será que a cidade de Campina
Grande e a meia dúzia de deputado e senador que tem vai silenciar quando o
Açude de Boqueirão de Cabaceira secar? Pago pra ver. Lamento que nós sertanejos
silenciamos.
Qual a manifestação fizemos ou vamos fazer? Viram o
grito dos vaqueiros quando disseram que iam acabar com a vaquejada? Apareceu
cavalo e vaqueiro de tudo que foi recanto da região e sabe porque? Vai “doer”
no bolso de cada um e existe pela frente um prejuízo enorme. Tem muito deputado
federal e senador que possuem parques e cavalos de vaquejadas. Vimos também uma
manifestação de professores, funcionários públicos, estudantes e do povão
contra a PEC 241, uma luta, talvez, inglória diante do que já vimos na Câmara
Federal no último dia 26, mas quando será feita a da falta de água?
Só para lembrar um fato que tomei conhecimento,
ocorrido no ano passado: um pecuarista, ao entardecer, da porta da cozinha de
sua casa observava as suas vaquinhas beberem o resto de água com lama de um
açude que nunca secara e dizia para sua mulher: amanhã vou dar um destino a
este meu gado, não posso ver mais eles passando sede, isto com uma dor no
coração e os olhos marejados de lágrimas. Fique tranqüilo, disse sua esposa:
Deus vai mostrar um jeito. Na madrugada choveu torrencialmente e ao amanhecer,
quando abriu a porta e viu o açude cheio, de joelhos caiu em prantos e tantas
foram as lágrimas que ajudaram ainda mais a encher o seu açude.
Cajazeiras deverá
se preparar para voltar a beber água do Açude Grande que matou a sede de seu
povo até o ano de 1964.
José Antonio
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