"A democracia é mais difícil de ser exercida, mas é mais importante", afirma Jeová Campos em resposta à declaração de Eduardo Bolsonaro
A declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a possibilidade de se instaurar um "novo AI-5" no país, provocou a indignação de grande parcela da população brasileira. Como cidadão, advogado, professor e protagonista de um mandato popular na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), o deputado Jeová Campos (PSB) protestou contra a atitude do filho de Jair Bolsonaro. Para Jeová, que é um defensor ferrenho do estado democrático de direito e das liberdades individuais, essa tentativa de amedrontar a população, intimidar a classe política e as instituições públicas será frustrada. “Lamento que um deputado eleito pelo povo não saiba honrar os votos que teve”, afirmou Jeová, lembrado que a Democracia é mais difícil de ser exercida, mas, é mais importante.
O Ato Institucional nº 5 (AI-5), lembra o parlamentar paraibano, foi editado em 13 de dezembro de 1968 pelo então presidente Artur da Costa e Silva, um dos cinco generais que governaram o país durante o regime militar (1964-1985). Em vigor até dezembro de 1978, a medida é considerada o maior símbolo da repressão política da ditadura. O Ato fechou o Congresso Nacional, suspendeu direitos políticos e censurou a Imprensa. “A democracia é muito trabalhosa, mas só ela nos permite ir e vir com segurança e de ter liberdade de proclamar nosso pensamento. Por isso que eu não posso calar diante dessa proposta absurda, de uma falta de humanismo, falta de compreensão política, da realidade necessária à vida do povo. Fica aqui meu sinal de protesto a essa atitude impensada. Quem não sabe pensar, não sabe honrar os milhões de votos que teve. Uma pena que alguém tenha tanto poder e não sabe o tamanho de sua responsabilidade. Isso serve para ele, para o pai dele e todos aqueles que cercam os milicianos”, disse Jeová.
O deputado destacou que a ditadura é um regime inaceitável ao povo brasileiro e disse considerar um absurdo que o filho do presidente, deputado eleito mais bem votado de São Paulo, tenha coragem de amedrontar a população dessa forma. “Lamento que o filho de um presidente, deputado eleito como o mais votado em seu estado, tenha coragem de amedrontar o povo, intimidar o poder público, a classe politica, o Supremo. Esse deputado - não sei nem ele merece ser chamado de deputado -, já disse uma vez que fecharia o Supremo com um fuzil. É preciso ter respeito às instituições. É preciso ter respeito com o estado democrático de direito!”, protestou o parlamentar.
Jeová reiterou que a democracia é o melhor regime porque é nela em que o povo se faz representado. “A democracia, de todas as experiências no mundo inteiro, é aquela que se apresenta como a mais difícil de ser exercida, mas a mais importante. Tem como primado ser o poder do povo. É na república que você tem a soberania popular. O voto é de singularidade única. Na democracia, a escolha é feita pelo povo. Não é uma herança, não é por imposição das armas, não é um querer individual de um imperador. É a vontade imperativa é de um conjunto de pessoas, da sociedade”, salientou o deputado.
E continuou: “Toda vez que uma pessoa se levantar em defesa de torturadores, de censurar a imprensa, de ceifar a liberdade de pensamento, o direito de mobilização, o direito ao contraditório, que defender um regime com o viés autoritário, baseado no poder na força, esse poder é um poder frágil, porque quebra os direitos humanos, institui a tortura, institui a censura, ele ofende a soberania popular, que é o exercício do voto, o direito do cidadão, seja ele rico, pobre, preto, branco, mulato. Todos na hora de votar têm o mesmo peso e a mesma importância. Então como é que alguém tem a coragem de defender a volta da ditadura? A ditadura que praticou todos esses males que a historia recente de nosso país comprova. Assassinatos, tortura, fechamento de órgãos de imprensa, deposição de lideranças políticas, cassação de mandatos”, relembrou Jeová.
Mas, a atitude do deputado Eduardo Bolsonaro, para ele, não passa de uma tentativa covarde de intimidar a todos. “Tentativas cruéis que amedrontam, mas não sairão vitoriosas. Todos eles, que pensam nos porões da maldade, não lembram que a luz do sol brilha para todos. Ditadura nunca mais. Liberdade, sim”, finalizou Jeová, conclamando a população para a resistência contra esse tipo de ação.
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