Audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento da ALPB debate mudanças climáticas e os desafios para os próximos anos
A Assembleia
Legislativa da Paraíba vivenciou uma movimentação atípica para uma
segunda-feira pela manhã. A realização de uma audiência pública, promovida pela
Comissão de Desenvolvimento, Turismo e Meio Ambiente, hoje (30), debateu as
mudanças climáticas e os desafios para os próximos anos e levou muitas
autoridades ao plenário Deputado José Mariz, para debater o tema e buscar
soluções não apenas para o enfretamento da seca, mas, sobretudo, na busca de
soluções, entre elas, o aproveitamento da energia solar disponível em
abundância no Nordeste e de outras fontes de energia renovável. “Tivemos um
debate de alto nível, com autoridades que conhecessem o assunto e que vieram
não apenas expor seu ponto de vista, mas trazer sua contribuição e sugestão
para o enfrentamento dos problemas que atingem a região e estou muito feliz com
o resultado. Foram quatro horas de debate bastante produtivos”, disse o
deputado Jeová Campos que retomou suas atividades parlamentares com a
realização da audiência.
Uma destas contribuições, veio do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-
IFRN, através da exposição do Diretor Acadêmico de Indústrias, Augusto César
Fialho. Ele apresentou um projeto pioneiro desenvolvido pela instituição de
aproveitamento da energia solar
fotovoltaica, implantado desde dezembro de 2013, na reitoria da instituição e,
posteriormente, em sete, dos 21 campus da IFRN. As oito unidades tem uma
potência instalada de 900 kW. “Somente na reitoria, contabilizamos uma economia
média de 29 a 30%/mês de energia graças ao projeto”, afirmou ele, se colocando
à disposição para maiores esclarecimentos sobre o projeto que tem viabilidade
técnica para ser implantado na Paraíba e em outras localidades do NE.
O Superintendente da SUDENE, João
Paulo Cunha, o diretor do IFRN, Augusto César Fialho, a meteorologista, Marly
Bandeira, o presidente da Cagepa, Marcos Vinicius, o arcebispo da Paraíba, Dom
Aldo Pagotto, os deputados federais,
Rômulo Gouveia e Wilson Filho, o diretor da Energisa, André Teobaldo, foram
algumas das autoridades que participaram da audiência que foi presidida pelo
deputado Ricardo Barbosa e secretariada por Jeová Campos. O superintendente da
Sudema, João Vicente Machado, o deputado Renato Gadelha, o estudioso César
Nóbrega, o professor da UFPB, Bartolomeu Sousa, o secretário de Agricultura Familiar, Lenildo
Morais, João Fernandes, da AESA, o pesquisador da Embrapa, Fábio Albuquerque e
o representante do Ministério da Agricultura, Hermes Ferreira Barbosa, também
contribuíram com o debate, que contou ainda com a presença do secretário de
Educação da Paraíba, Aléssio Trindade.
A bancada federal da Paraíba foi
representada na audiência pública pelos deputados federais Rômulo Gouveia e
Wilson Filho. Ambos elogiaram a iniciativa da Casa de Epitácio Pessoa em realizar
o debate. “Quero parabenizar a ALPB pela propositura e reiterar que na Câmara
Federal, eu também estou provocando esse debate
com a proposição de audiências,m requerimentos, etc”, destacou Rômulo. O
deputado Wilson Filho reforçou a importância do tema e reiterou que a bancada
federal paraibana tem frequentemente se voltado para essa temática, inclusive,
defendendo a utilização de energia renovável, com aproveitamento do potencial
local. “O mundo já acordou para o
problema da energia. O Brasil também acordou, porém, um pouco mais tarde. O
Nordeste caminha lento e apesar do enorme potencial de energia solar do sertão
paraibano, só temos uma usina, em
Coremas. Temos também um potencial enorme de energia eólica e só temos um
parque, que fica em Mataraca. O que falta para aproveitarmos o que a natureza
nos dá de graça, licença ambiental, instrumental e investimento, junto da
vontade política de avançar”, afirmou Wilson Filho.
O superintendente de Desenvolvimento
do Nordeste, João Paulo da Silva Lima, parabenizou a ALPB pela coragem política
de enfrentar o problema. “Sem água não há vida. Essa é a questão essencial,
porque a grande maioria de nossas cidades está a beira de um colapso e a
transposição vai minimizar a questão, mas não vai resolver todo o problema”,
disse João Paulo. Para o superintendente da SUDENE, a mobilização tem que
envolver todos os estados do NE. “Todos devem apresentar projetos. São
necessárias ações imediatas e conjuntas e é preciso ter pequenos, médios e
grandes projetos de desenvolvimento”, declarou João Paulo, lembrando que o órgão
está na iminência de devolver ao Governo Federal R$ 1,2 bilhão por falta de
projetos.
A meteorologista da AESA, Marly
Bandeira, fez relatos das condições do clima e do tempo entre 1994 e 2015,
explicou o fenômeno El Nino e sua repercussão no clima da região e lembrou que
a convivência com a seca é uma questão natural no Nordeste. Segundo ela, as
chuvas do Sertão e Curimataú acontecem entre fevereiro e maio, e as do Agreste,
Brejo e Litoral, entre os meses de abril a junho. “Fora deste período, temos
precipitações isoladas”, afirmou a meteorologista que disse que só a partir de
dezembro, será possível ter uma definição de como vai se comportar o clima em
função das condições do El Nino.
O deputado Jeová Campos lembrou a
importância de estar voltando aos suas atividades legislativas, após 120 dias
de licença médica, fomentando um debate tão importante, que interessa a todos e
que tem várias nuances. “Debatemos a questão do clima, da matriz energética, da
produção de alimentos, de projetos estruturantes, e com uma representatividade
eclética de entidades, o que nos permitiu sair daqui com ideias para o
enfrentamento dos desafios que se colocam. Agora, vamos aprofundar essas
questões com as autoridades competentes e tentar viabilizá-las”, finalizou o
parlamentar.
No final da audiência o público pôde
fazer questionamentos às autoridades
presentes. Dom Aldo, a convite de Jeová, fez o encerramento do evento com uma
saudação religiosa, por volta das 13h.
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